O governo chinês saiu em defesa do Brasil, nesta quarta-feira, dia em que entrou em vigor o tarifaço de Trump. Em conversa telefônica com o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, o chanceler da China, Wang Yi, disse que seu país se opõe à “interferência externa irracional”, segundo uma nota do Ministério das Relações Exteriores da China.
Wang Yi declarou que a China apoia “firmemente” o Brasil na defesa de sua soberania e dignidade nacionais e se opõe à “interferência externa injustificada nos assuntos internos do Brasil”. Sem citar os Estados Unidos, ou o presidente americano, Donald Trump, Wang afirmou que Pequim também torce pelo brasileiros na resistência à prática intimidatória do que chamou de “tarifas abusivas”.
“Usar tarifas como arma para reprimir outros países viola a Carta da ONU e mina as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio). É impopular e insustentável. Como os maiores países em desenvolvimento dos Hemisférios Oriental e Ocidental, China e Brasil sempre se apoiaram mutuamente e cooperaram estreitamente, salvaguardando firmemente seus respectivos interesses legítimos e os interesses comuns dos países do Sul Global”, diz o comunicado.
Em uma rede social, a Embaixada da China no Brasil publicou uma mensagem, em chinês, escrito “A união faz a força”, em uma tradução livre.
Trump anunciou, no último dia 9 de julho, uma sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros. O líder americano praticamente vinculou uma eventual negociação ao processo envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe e em prisão domiciliar, decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A Casa Branca já determinou a aplicação de sanções a Moraes, como a suspensão do visto e o bloqueio de operações bancárias envolvendo instituições americanas. Mas o governo brasileiro afirma que quer restringir as negociações ao comércio, sob o argumento que, no Brasil, os poderes são independentes.
Nesta terça-feira, o deputado Eduardo Bolsonaro em entrevista a jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, confirmou que trabalha junto ao governo dos estados Unidos para aplicação de sanções e tarifas contra o Brasil.
– Os meus planos aqui são: ou tenho 100% de vitória, ou 100% de derrota. Ou saio vitorioso e volto a ter uma atividade política no Brasil, ou vou viver aqui décadas em exílio. É o que eu estou assumindo, estou aceitando esse risco, porque eu acho que vale a pena – disse o filho de Bolsonaro.
